• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Com ética, honestidade, comprometimento, segurança, confiabilidade, respeito, qualidade, satisfação,e trabalho em equipe.

    Entenda como fazemos...

Notícia

Juros sobem com revisão para preços

Os investidores foram influenciados por uma nova rodada de projeções mais pessimistas para a inflação, apuradas na pesquisa semanal Boletim Focus, e pelo quadro externo de aumento dos rendimentos dos títulos do governo americano.

Fonte: Valor Econômico

 A dois dias de o Banco Central anunciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) para o juro básico no país, as taxas projetadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) interromperam uma sequência de cinco quedas seguidas para fechar ontem com alta. Os investidores foram influenciados por uma nova rodada de projeções mais pessimistas para a inflação, apuradas na pesquisa semanal Boletim Focus, e pelo quadro externo de aumento dos rendimentos dos títulos do governo americano.

Mas a típica cautela dos investidores em semanas de Copom associada à desaceleração dos Índices de Preços ao Consumidor (IPC) divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Fipe ajudaram a conter a intensidade do avanço. Na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2014 subiu a 7,64% de 7,62% sexta-feira e o DI com vencimento em janeiro de 2015, subiu a 8,32% de 8,29%. A sessão girou cerca de 20% menos que a média diária do ano.

O boletim Focus - por meio do qual o BC reúne as projeções feitas por bancos, corretoras e consultorias para inflação, atividade, juros e câmbio - revelou que a aposta predominante entre os analistas ainda é a de manutenção da taxa básica de juros, a Selic, nos atuais 7,25% ao ano. Mas cresceu o percentual de quem admite aperto monetário ao longo deste ano, em um movimento que começaria em abril.

A consultoria LCA lembra que o Focus revela que a distribuição de expectativas para a Selic nos próximos 12 meses agora se divide em duas correntes: uma que prevê a manutenção da taxa próxima do atual patamar e outra, mais dispersa, que prevê elevação da taxa para os arredores de 8,5% e 9%. "Foi claro o movimento de migração do mercado da pesquisa do início do mês passado para este, cuja concentração era de quase 50% nos arredores de 7,25% e apenas começava a se formar uma moda na casa dos 9%", aponta a LCA.

No levantamento do Focus, a mediana de médio prazo do Top 5 - grupo formado pelas instituições que mais acertam as previsões - na média de médio prazo subiu de 7,35% para 7,55%.

Por trás dessa maior crença em aperto monetário está a deterioração dos cenários para a inflação. A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013 subiu de 5,69% para 5,70%; em 12 meses, de 5,49% para 5,62%.

O ex-diretor do Banco Central e atual coordenador de estudos dos mercados emergentes da Tandem Global Partners, Paulo Vieira da Cunha, ajustou o cenário para agora considerar chances "não insignificantes" de o Banco Central iniciar o ciclo de aperto monetário já na reunião de abril. Ele esperava manutenção da Selic até o fim de 2013, mas passou a considerar 40% de probabilidade de haver uma alta de 0,25 ponto, ante 60% de chance de estabilidade. "Dadas as recentes movimentações do mercado que podem haver forçado a mão do BC, há uma probabilidade não insignificante de que comecem um ciclo de alta em abril", disse o especialista sobre novo cenário em que vê 50% de chance de os juros subirem para 8,25% até o fim deste ano.

Operadores disseram que o ajuste para cima nas taxas projetadas na BM&F foi limitado pela divulgação de dois índices que mostraram desaceleração da inflação. O IPC da Fipe desaqueceu de 1,15% para 0,22% entre o fechamento de janeiro e igual período de fevereiro. E o IPC-S da FGV em sete capitais desacelerou para 0,33%, de 1,01% em janeiro.

O dólar fechou em queda de 0,50%, a R$ 1,972, na mínima do dia. O câmbio brasileiro acompanhou a perda de força da moeda americana no exterior, alimentada pela preocupação de investidores com dados econômicos ruins na China e pelo prospecto negativo dos cortes automáticos de gastos nos Estados Unidos, o chamado "sequestro". Com o volume relativamente limitado de negócios realizados, operações de empresas exportadoras tiveram seu impacto ampliado no mercado, inflando a pressão de baixa sobre o dólar.

"O dólar se valorizou um pouco demais com o cenário externo semana passada e hoje [ontem] tivemos uma correção natural, mesmo que a situação lá fora não esteja resolvida e continue causando volatilidade", disse Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.

Não há, porém, consenso sobre o efeito da decisão do Copom sobre o câmbio. Uma alta nos juros elevaria o apelo de aplicações financeiras no país, atraindo mais dólares e, consequentemente, desvalorizando o dólar. Mas isso também diluiria o papel do câmbio como ferramenta para controle de preços, abrindo espaço para que ele devolvesse parte dos 7% de perdas acumuladas desde dezembro.

"O mercado está tão confuso que acho que vai evitar mexer muito no câmbio com a decisão da Selic", disse um agente do mercado. "O que está certo é que existe uma banda, entre R$ 1,95 e R$ 2, que vai ser mantida pelo BC. Ou seja, independentemente do que vier do Copom, o dólar segue nessa faixa."